
“Energia abundante,
de qualidade, bem distribuída, limpa e competitiva é pressuposto indispensável para o progresso econômico e social da nação.”
contexto

O Brasil tem a oportunidade histórica de alavancar o seu desenvolvimento suprindo a crescente necessidade mundial pela disponibilização de novas fontes de energia renovável.
Estamos vivendo um período de inflexão: nosso país poderá assumir seu papel de protagonista na transição energética mundial, ou, mais uma vez, perderemos uma grande oportunidade que a história nos apresenta.
É neste contexto que nasce a ANPEEN – Associação Nacional para Pesquisa da Economia Energética, com o propósito de engajar pessoas e empresas na formulação de estratégias para que o Brasil assuma sua vocação de Grande Potência Energética Mundial.
Contribuímos para a evolução do setor energético brasileiro, apoiando a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia.
Nossos estudos abrangem temas cruciais como eficiência e transição energética, sinergia, inércia, reserva e armazenamento de energia, segurança operacional, financiamento de fontes limpas, simplificação regulatória e políticas fiscais inteligentes.
Nosso objetivo é impulsionar práticas que reduzam tarifas e fortaleçam a economia energética, promovendo um futuro mais eficiente e sustentável.

NOSSAS CAUSAS
Acreditamos que democratizar o mercado de energia é essencial para fortalecer a economia energética nacional. Essa democratização deve funcionar em duas vias: operadores precisam de acesso livre aos mercados consumidores, enquanto os consumidores devem ter o direito de escolher seus fornecedores, promovendo o progresso por meio da concorrência saudável.
É fundamental racionalizar e simplificar o setor elétrico, com operações digitais e transparentes. Encargos, subsídios e tarifas precisam ser revistos para garantir a eficiência no uso dos recursos pagos pelos consumidores finais.
Cada player da cadeia energética deve cumprir seu papel de forma clara, com centros de custo bem definidos e sustentados por financiamentos seguros. Isso criaria uma cadeia sinérgica entre geração, transmissão, distribuição, comercialização e consumo, protegida por um arcabouço normativo que permita planejamento de longo prazo e investimentos sólidos.
Os modelos de concessão do mercado regulado devem ser adaptados para equilibrar contratos econômico-financeiros, mas sem criar reservas de mercado para concessionárias. Liberdade de escolha do comercializador de energia é indispensável no século XXI, rejeitando práticas que impeçam portabilidade, concorrência e acesso democrático ao mercado consumidor.
No setor elétrico, é essencial que cada área se concentre no seu “core business”: a transmissão deve garantir retorno justo sobre investimentos em infraestrutura; a distribuição deve operar e manter redes de forma sustentável; e os comercializadores devem facilitar negociações de compra e venda, utilizando a infraestrutura disponível. Já os consumidores devem pagar pela energia e pelo uso dessas redes.
Embora simples na teoria, essa lógica é frequentemente comprometida no Brasil por uma estrutura normativa desatualizada. Muitas vezes, operadores de infraestrutura só alcançam retorno adequado explorando a comercialização, prejudicando a saúde do setor energético.
O Brasil precisa modernizar seu sistema, e a ANPEEN é um espaço essencial para impulsionar essa transformação.
O futuro do setor energético no Brasil é extremamente promissor. Investidores de todo o mundo aguardam medidas simples que possam gerar a segurança jurídica mínima necessária para atrair investimentos massivos no país.
Para que isso aconteça, é urgente convocarmos a inteligência nacional e as autoridades responsáveis a, de uma vez por todas, criarem a estabilidade normativa de longo prazo que o setor energético brasileiro tanto necessita.
Infelizmente, há uma profusão de interesses isolados e contraditórios que obscurecem o ambiente jurídico, com uma sobrecarga de proposições, regras, pedidos, demandas, subsídios, acertos e compensações, que, em sua maioria, acabam prejudicando um planejamento nacional de longo prazo. A sensação que se tem é de instabilidade e insegurança jurídica. Nada é mais prejudicial para a atração de investimentos de longo prazo em infraestrutura do que a famigerada insegurança jurídica.
Ao considerarmos todas as leis em vigor, somadas às centenas de normas, resoluções, portarias e todo o emaranhado regulatório infralegal, encontramos um ambiente jurídico hermético, confuso, de difícil compreensão e altamente instável. Tudo isso ocorre em um cenário de falta de definição clara dos rumos futuros, instabilidade nos planos estratégicos e mudanças constantes nos discursos políticos.
A ANPEEN acredita que o caminho para a "segurança jurídica" de longo prazo é um pressuposto fundamental para que o Brasil não perca a grande oportunidade histórica que se apresenta: tornar-se o grande fornecedor de energia limpa do mundo.
Neste contexto, a ANPEEN iniciou um trabalho de levantamento de toda a legislação do setor elétrico em vigor, bem como das dezenas de projetos de novas leis que estão em tramitação no Congresso Nacional, com o objetivo de oferecer ao Brasil uma solução.
Trata-se do Projeto de Consolidação da Legislação Elétrica Brasileira, um trabalho da ANPEEN destinado a reunir, sistematizar, harmonizar e dar clareza sistêmica a toda a legislação nacional. Trata-se de um processo de codificação que visa organizar e simplificar, em um único documento, todas as regras jurídicas sobre as atividades do setor elétrico.
É imperativo simplificar, tornando a legislação menos turva, complicada e instável. O trabalho é de profilaxia, simplificação e democratização do setor elétrico.
A partir dessa consolidação e organização normativa, todas as propostas de alteração da legislação sobre o setor elétrico brasileiro deverão ser inseridas neste "Código do Setor Elétrico", de forma que as modificações não mais sejam feitas por legislação esparsa e desconexa, mas sempre dentro de um sistema normativo lógico, racional, sem antinomias e contradições.
Além de reunir especialistas para colaborar com a estabilização e segurança jurídica do setor, a ANPEEN também apresenta como objetivos:
Contribuir com pesquisas e estudos relacionados à criação de um ambiente de livre contratação para qualquer consumidor de energia;
Contribuir para a construção de um cronograma firme e responsável de abertura e democratização do mercado de energia;
Apresentar propostas concretas para acelerar a digitalização e descentralização das atividades ligadas à cadeia energética brasileira;
Construir modelos que garantam a estabilidade e o equilíbrio econômico-financeiro das atividades de transmissão e distribuição, preparando esses setores para o ambiente de liberalização ampla do mercado;
Apresentar propostas para adaptar os contratos de concessão de distribuição às atividades precípuas de implantar, operar e manter as redes necessárias para o fornecimento de energia;
Contribuir para garantir a portabilidade no setor elétrico, permitindo aos consumidores exercerem o seu direito de escolher o seu revendedor de energia (assim como acontece com combustíveis, telefonia, seguros, serviços financeiros e outros mercados já evoluídos).
A Reforma Tributária, que está prestes a ser implantada no Brasil, causará um forte impacto em todo o setor elétrico brasileiro. Por essa razão, em conjunto com entidades representativas do setor, a ANPEEN trabalha firmemente junto às autoridades responsáveis para impedir que a nova sistemática tributária cause desequilíbrios à cadeia da economia energética.
No Congresso Nacional, a ANPEEN apresentou proposta para excluir da base de cálculo dos novos IBS e CBS (Imposto sobre Bens e Serviços e Contribuição sobre Bens e Serviços) os valores das Tarifas de Uso do Sistema de Distribuição e Tarifa de Uso do Sistema de Transmissão (TUSD e TUST). Também foi apresentada uma proposta para o diferimento do pagamento integral desses novos tributos no momento do consumo, assim como estava previsto no artigo 34 das Disposições Transitórias da Constituição de 1988, ou anteriormente, quando ainda vigorava o Imposto Único sobre Energia, no regime constitucional anterior.
A tradição brasileira sempre foi diferir o pagamento dos tributos sobre valor agregado para o final da cadeia. No entanto, a Reforma Tributária subverteu essa lógica e, como está proposta, se não for adaptada, obrigará o recolhimento em forma de split payment de cada operação da complexa e intrincada cadeia de operação do sistema elétrico.
Na prática, o sistema flerta com um colapso burocrático, pois, nas operações de mercado livre, segundo estudos da própria ANPEEN, entre a geração e o consumo, há uma média de seis transações intermediárias de comercialização. Pior, a Reforma Tributária não considerou as liquidações do sistema junto à CCEE, o fato de haver operações antecipadas ou a descoberto e, enfim, todas as especificidades e particularidades de um mercado que comercializa impulsos elétricos produzidos concomitantemente com o consumo — bem diferente das outras cadeias de produtos rastreáveis, tangíveis ou fungíveis.
Finalmente, a ANPEEN luta pela neutralidade fiscal na implantação do novo sistema tributário nacional, fazendo valer os compromissos estabelecidos pelo Governo e pelo Congresso Nacional. Não se pode admitir que contratos de longo prazo, equacionados financeiramente sob a égide da legislação anterior, sejam desequilibrados por uma nova legislação tributária, sob pena de comprometer a credibilidade do setor de infraestrutura brasileiro.
A ANPEEN dedica-se a identificar as inovações tecnológicas mais recentes no mundo e, com isso, vislumbrar tendências e movimentos estratégicos.
Além dos grandes potenciais brasileiros já amplamente discutidos, como energia fotovoltaica, eólica, biomassa, nuclear, geotérmica, ondomotriz, entre outros, é importante destacar o papel do gás natural como alternativa para a produção de termoelétricas, substituindo carvão, óleo ou GLP.
O Brasil possui importantes reservas de gás natural, que atualmente são desperdiçadas. Nossos vizinhos, como a Argentina, também têm potencial para fornecer gás a preços competitivos, tanto para a geração termoelétrica quanto para processos de cogeração a gás, que ainda estão em fase inicial no Brasil.
Outra possibilidade do gás natural é seu potencial para viabilizar unidades de reciclagem energética de resíduos sólidos, algo comum na Ásia, América do Norte, Europa e até na África, mas que ainda não existe no Brasil. Grandes regiões metropolitanas, como São Paulo, Baixada Santista e Baixada Fluminense, já deveriam ter iniciado experiências de conversão energética de resíduos sólidos, contribuindo para a redução da contaminação de áreas destinadas a antigos aterros sanitários. As novas tecnologias de filtragem das emissões eliminaram os problemas das antigas incinerações, e hoje é possível instalar as chamadas UREs (Unidades de Recuperação Energética) dentro dos grandes centros urbanos, resolvendo dois grandes problemas de uma vez: a geração elétrica próxima aos centros de consumo e a destinação adequada de resíduos sólidos urbanos.
Por fim, algo que o sistema elétrico brasileiro realmente necessita é o reforço de sua capacidade de reserva. A heterogeneidade das fontes de energia, junto com o aumento acelerado da geração eólica e fotovoltaica, comprometeram a estabilidade do sistema, tornando a oscilação de potência um problema sério e urgente.
Neste contexto, surgem as novas tecnologias de armazenamento de energia, capazes de compensar as variações sazonais no uso dos sistemas de transmissão e distribuição. As unidades de armazenamento são amplamente utilizadas em todo o mundo, com enormes ganhos de eficiência. No entanto, essa solução ainda está atrasada no Brasil. A ANPEEN está empenhada em colaborar com a regulação dessas novas possibilidades, cuja implementação no Brasil é fundamental para a modernização de nossa Economia Energética.
governança

Aloysio Nunes
Presidente do Conselho Superior
Professor e advogado formado pela USP, ex-procurador do Estado e cientista político, tendo lecionado na Universidade de Paris. Foi vice-governador do Estado de São Paulo (1991–1995) e Secretário de Estado dos Transportes Metropolitanos (1991–1992).
Elegeu-se deputado estadual em 1982 e 1986, período em que foi líder dos governos Montoro e Quércia na Assembleia Legislativa de São Paulo. Disputou a eleição para prefeito de São Paulo em 1992, sendo derrotado pelo então deputado federal Paulo Maluf.
Aloysio foi eleito deputado federal por três mandatos consecutivos (1996, 2000 e 2006) e ocupou cargos de relevância no governo federal, como Ministro-Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República e Ministro da Justiça nos governos do Presidente Fernando Henrique Cardoso. Atuou também como Secretário de Governo da Prefeitura de São Paulo (2005–2006) e como Secretário-Chefe da Casa Civil do Governo do Estado de São Paulo (2007–2010).
Em 2010, foi eleito senador por São Paulo, alcançando a maior votação para um parlamentar na história da democracia brasileira, com 11,2 milhões de votos. Em 2014, foi candidato a vice-presidente da República na chapa do governador Aécio Neves, recebendo 51 milhões de votos no segundo turno e 35 milhões no primeiro.
Durante o governo de Michel Temer, foi Ministro das Relações Exteriores. Além disso, presidiu a Agência Invest São Paulo e a Agência SP Negócios. Atualmente, é chefe da divisão de Assuntos Estratégicos do escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) em Bruxelas, Bélgica, e preside o Conselho Superior da ANPEEN – Associação Nacional de Pesquisa da Economia Energética.

Rubens Rizek
Presidente da Diretoria Executiva
Advogado formado pela Universidade de São Paulo (1993) e administrador de empresas pela Fundação Getúlio Vargas (1995), mestre e doutor em Direito do Estado pela USP (2009). Concluiu extensão universitária em Direito Comunitário pela Universidade Católica de Louvain, na Bélgica (1992–1993).
Ao longo de sua trajetória, ocupou diversos cargos públicos de destaque, como Secretário de Justiça da cidade de São Paulo e presidente da Corregedoria Geral da Administração do Estado de São Paulo (2007–2010). Atuou como Secretário de Estado do Meio Ambiente (2014), Secretário Adjunto da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (2015–2018), Secretário de Justiça (2018–2020) e Secretário de Governo da cidade de São Paulo (2020–2023).
Foi presidente de importantes conselhos e instituições, incluindo o Conselho de Administração da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), a Câmara de Compensação Ambiental do Estado de São Paulo, o Conselho de Administração da SP Obras e o Conselho de Administração da SP Parcerias. Além disso, integrou diversos conselhos, como o da Faculdade de Direito da USP, o da Fundação Getúlio Vargas, o da Fundação Florestal, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos, o Conselho Estadual de Política Energética e o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), entre outros.
Na área acadêmica, foi professor na Universidade Paulista e no Instituto de Direito Público de São Paulo, e atualmente é docente de Direito Econômico na Universidade Presbiteriana Mackenzie. É também autor e coautor de artigos e livros, incluindo Lei Anticorrupção (Ed. Saraiva, 2014).
Atualmente, é sócio do escritório Rubens Rizek e Cintra do Amaral Sociedade de Advogados e membro do Conselho de Administração da SP Parcerias.
PUBLICAÇÕES


Ajustes na Reforma Tributária para o Setor de Energia


Os impactos das mudanças fiscais no setor de Energia


Energia Renovável e Desenvolvimento Econômico
